18/01/18

Cinco mil Famílias Vítimas de Fome Clamam por Apoio Urgente

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Cinco mil famílias de diferentes povoações dos municípios do Caimbambo e Chongoroi (província de Benguela) reclamam por apoio urgente em alimentos e medicamentos, devido a fome e a má-nutrição que enfrentam desde Outubro último.

Em declarações hoje a Angop, a directora do Gabinete Provincial da Acção Social e Promoção da Mulher, Leonor Fundanga, afirmou que, a fome a mal-nutrição assolam as famílias devido a estiagem que comprometeu a produção agrícola e a segurança alimentar das populações da região.

Segundo a responsável, para minimizar a situação, 12 toneladas de bens de primeira necessidade como farinha de milho, peixe seco e sal serão entregues, sábado próximo, às famílias das povoações de Lomia, Pupira e Chihungo (município de Caimbambo), doações de empresários, Organizações Não-Governamental e entidades religiosas que acolheram o apelo de solidariedade lançado pelo sector.

Esclareceu não haver registo de mortes, apesar da gravidade da conjuntura da estiagem que provocou ausência de produção agrícola, cujo recurso às mangas verdes tem sido o único alimento.

Referiu que esta precaridade também atingiu outras localidades, pelo que desembocou na criação de uma comissão multissetorial que trabalha no sentido de chamar a participação da sociedade civil e entidades religiosas para socorrer as famílias.




A responsável apontou como exemplos, o cenário vivenciado por outras famílias das povoações do Sengue, Cambigirite e Bolonguera (Chongoroi)  que aguardam pela intervenção e ajudas urgentes devido a complexidade da conjuntura da estiagem  desta circunscrição. 

Leonor Fundanga explicou que, depois de uma visita de constatação às comunas e povoações dos municípios do Caimbambo e Chongoroi, em Dezembro passado, permitiu conhecer as circunstâncias do momento e diagnosticar o volume de necessidades e dos montantes a alocar pelo Executivo, para aquisição dos produtos alimentares, visando melhorar a vida das famílias desprovidas de condições sociais.

Considerou preocupante a situação, a julgar pelas consequências nefastas da estiagem onde se prevê o aumento do número de famílias que suportam a fome, tendo em conta que as ausências de chuvas, agravada pelo surgimento de pragas prejudicaram a primeira época agrícola que resultou também na morte de um significativo número de gado bovino.     

Defendeu, por outro lado, a necessidade das diferentes instituições públicas iniciarem já com programas de reservas de águas para o desenvolvimento da actividade agropecuária no país, de forma acautelar e combater este fenómeno apontados como cíclicos, cujas assistências às famílias devem ocorrer entre os meses de Janeiro e Abril.

Por outro lado, Um programa de acções para recolha de bens alimentares e financeiras foi lançado, hoje (quinta-feira), nesta cidade, no final de uma reunião mantida com entidades religiosas, organizações profissionais e classe empresarial, movimento espontâneo, entre outros, numa iniciativa do Gabinete de Acção Social e Promoção da Mulher em Benguela que contou com a presença do administrador municipal e outras entidades.

A campanha, que envolve académicos e estudantes, visa maior engajamento em atividades de solidariedade.





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Centenas de pessoas alimentam-se com mangas verdes em Caimbambo Cento e vinte e quatro famílias de uma localidade de Caimbambo, na província angolana de Benguela, enfrentam um cenário de fome que obriga os seus integrantes, incluindo mulheres e crianças, a recorrer a mangas verdes para refeições diárias. Por outo lado, o Presidente da União Nacional dos Camponeses Angolanos (UNACA), João Januário, disse que sendo a estiagem sazonal, aguarda-se para os próximos meses o surgimento de chuvas com regularidade, prevendo o aproveitamento da próxima colheita agrícola, caso contrário a fome e o desemprego nos municípios potencialmente agrícolas poderão provocar o êxodo rural. Não há relatos de mortes devido à carência alimentar, extensiva a três outros municípios do interior, mas o Governo Provincial pede que a sociedade se mobilize para a ajuda que se impõe. O quadro desolador, como que a desafiar o programa de combate à fome, é apresentado numa altura em que a política agrária do Governo angolano tem sido bastante questionada, em grande medida devido ao baixo orçamento para a agricultura. Agrónomo de profissão, o activista José Patrocínio e observador africano dos direitos dos povos, afirma que o cenário de carência era previsível. “Era de prever-se que isto acontecesse, tem a ver com a seca e políticas agrárias no sentido do aproveitamento da água, não deixando que estas zonas dependam exclusivamente das chuvas. Seria bom que existissem políticas para o aproveitamento dos recursos hídricos, para criar armazenamento. São calamidades nacionais, exigem políticas da parte do Governo central”, considera Patrocínio. Na hora do apelo à solidariedade daqueles que podem ajudar, a directora do Gabinete de Acção Social, Família e Igualdade no Género, Leonor Cafundanga, em entrevista à Rádio Benguela, era uma mulher bastante preocupada. “Só na localidade de Lómia são 124 famílias afectadas, há também problemas no Chongoroi, Ganda e Cubal. As mulheres, na reunião que mantivemos com o senhor administrador, disseram mesmo que as mangas verdes são a solução. Por exemplo, uma criança recebe duas ou três mangas ao almoço e, se houver, uma papa na hora do jantar’’, lamenta Cafundanga. Caimbambo fica a 110 quilómetros da cidade de Benguela


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