28/02/18

A Cidade do Cabo poderá ser a Primeira Cidade do Mundo a Ficar Sem Água

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16 de Abril é a data em que as autoridades prevêem que a Cidade do Cabo fique sem abastecimento de água. O chamado “dia zero” chegou a estar previsto para 12 de Abril, mas graças à poupança de água dos habitantes da turística cidade, a segunda mais povoada da África do Sul, foi adiado quatro dias.

Fontes oficiais estimam que, nesse dia, o nível de água nas barragens chegue aos 13,5% e o fornecimento normal de água seja interrompido na maior parte das áreas residenciais.

Até agora, a contagem decrescente vinha diminuindo, em vez de recuar, já que estava a gastar-se demasiada água. “Graças aos esforços de poupança de água de muitos residentes da Cidade do Cabo, confirmou-se que começámos a empurrar para trás o Dia Zero”, celebrou esta terça-feira, em comunicado, Mmusi Maimane, líder da Aliança Democrática, da oposição, cujo principal bastião político é a região do Cabo Ocidental.

Maimane declarou que, embora “quatro dias possam não parecer muito”, este progresso é “fundamental” porque mostra que os “esforços deram fruto” e que se pode evitar que o dia chegue.

A grave seca que assola a zona é um fenómeno invulgar, já que não só deriva da falta de precipitação que caracterizou a passada estação de chuvas (entre Abril e Outubro), como de o nível de chuva ter sido particularmente baixo também nos dois anos anteriores.

Os níveis das reservas de água são diariamente monitorizados pelas autoridades locais, que instam a população a manter o consumo por pessoa e por dia em 50 litros, no máximo. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), só num duche de cinco minutos, gastam-se cerca de 100 litros.

Pode parecer impensável que uma cidade desenvolvida com mais de quatro milhões de pessoas possa ficar sem água, mas esta a situação devastadora tem sido potenciada por alguns factores incontroláveis. A Cidade do Cabo sofre a pior seca do último século há três anos. Aquecimento global, alterações climáticas e uma população em rápido crescimento pioraram a situação. E, à medida que a crise começou, a cidade não fez o suficiente para conter o uso da água, agravando ainda mais a sua escassez. Apenas cerca de 55% dos sul-africanos residentes na Cidade do Cabo estão a racionar realmente a água, de acordo com os números da semana passada emitidos pelas autoridades.

Contabilizando mais de metade de toda a água no sistema de barragens da região, as imagens mostram a extensão da crise. Se o governo declarar o Dia Zero, deixará de chegar água às torneiras até que chova.

Nesse dia, os residentes verão a sua água racionada para apenas 25 litros, que só poderão colectar de uma das 200 estações criadas para o efeito. Para se perceberem bem os números, cada ponto de colecta terá de acomodar as necessidades de água de 20 mil sul-africanos.

As principais instituições – como escolas e hospitais – devem continuar a receber água, ainda que também tenham sido traçados planos de contingência.

As autoridades estão preocupadas que a situação gere motins ou confrontos entre vizinhos, caso a crise continue. Caso o “Dia Zero” se confirme e o abastecimento público de água seja mesmo cortado em Abril se não chover entretanto, a Cidade do Cabo será a primeira metrópole do mundo a ficar sem água.

 
Mas não é só nesta região que a escassez de água se faz sentir. Segundo a Organização Mundial de Saúde, cerca de 2,1 mil milhões de pessoas no mundo não têm acesso a fontes de água potável.

Várias empresas estão já a desenvolver projetos que aliam a criatividade à tecnologia, com o intuito de travar a evolução desta ameaça.

A empresa francesa CityTaps, por exemplo, está a desenvolver um "contador inteligente" com ligação à Internet. Os utilizadores poderão comprar "créditos de água" através do telemóvel e o contador dispensar-lhes -à o montante de água equivalente aos créditos comprados.

Por outro lado, a empresa norte-americana WaterSeer está a desenvolver um aparelho capaz de condensar a humidade natural do ar e transformá-la em água potável.

Apesar das propostas engenhosas, será a tecnologia a solução para o problema? Vincent Casey, gerente da ONG WaterAid - que luta pelo acesso global a fontes de água e higiene – acredita que não.

Embora a tecnologia moderna possa ajudar a usar a água mais eficientemente, apenas funcionará em sítios onde as pessoas tenham acesso tanto a água potável como a essa mesma tecnologia.

"A tecnologia para ligar as pessoas a fontes de água já existe desde o tempo do antigo Egipto. Não é um problema técnico", defende Casey. O problema está antes na forma de como os recursos de água são geridos, diz à BBC.

"A prioridade é mobilizar recursos e prestar atenção suficiente à forma como são geridos, para manter as pessoas ligadas [às fontes]".

Casey adverte que o combate ao aquecimento global e ao seu efeito sobre as reservas naturais de água do planeta é algo que cabe a toda a humanidade, em conjunto.

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Fonte: euronews (em português)

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