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A perda da comunicação registada ontem, entre o satélite angolano Angosat1 e as estações de controlo de Baykanour, no Cazaquistão, e Rovobono Sport, na Rússia, é considerada normal, previsto no protocolo de activação do engenho.
A informação foi avançada pelo ministro das Telecomunicações e Tecnologias de Informação, José Carvalho da Rocha, em Moscovo.
Em declarações aos jornalistas, na capital russa, o titular do pelouro desvalorizou os cenários criados no sentido de um eventual prejuízo, por se tratar de um acontecimento “normal” em processos do género.
O ministro prestou estas declarações depois de a Rússia ter anunciado a perda do contacto com o Angosat1, lançado terça-feira. As notícias apontavam para uma interrupção “temporária, com perda de telemetria”.
“É normal que as pessoas estejam preocupadas e queiram ter acesso a informações concretas. Fomos informados, pela equipa que está na estação de Baykanour, que o satélite está na sua base orbital. Precisamos, agora, das próximas 12 ou 14 horas, para que os engenheiros possam concluir com exactidão o que se está a passar, com recurso à observação microscópica. Deste modo, será possível determinar que comandos enviar para o engenho”, esclareceu.
O ministro aventou a hipótese de se tratar de um problema relacionado com os painéis solares ou do seu alinhamento com o sol. Mas isso o que vai determinar são as observações feitas pelos engenheiros. “Portanto, não há razões para alarmes. É normal que haja preocupação, visto ser a primeira vez que Angola entra para o domínio espacial”.
Especialistas dizem que a recuperação de um satélite parece difícil, mas não é impossível. Em 2010, a JAXA perdeu controlo sobre o satélite Akatsuki, que faria estudos na órbita de Vênus. Cinco anos depois, a Agência Espacial Japonesa retomou contacto com o satélite e o recuperou, colocando-o na órbita venusiana.
O sétimo país africano
Angola é o sétimo país africano a ter um satélite próprio de comunicações em órbita, após o lançamento do Angosat1, juntando-se à Argélia, África do Sul, Egipto, Marrocos, Nigéria e Tunísia.
Especialistas apontam que o satélite artificial é o nome de qualquer corpo feito pelo homem e colocado em órbita ao redor da Terra ou de qualquer outro corpo celeste. Até hoje, já foram efectuados milhares de lançamentos desses corpos ao espaço, mas a maioria já está desactivada.
Quando ocorrem falhas no lançamento ou no próprio satélite, as suas partes podem ficar orbitando o planeta por tempo indefinido, formando o lixo espacial.
As primeiras ideias sobre satélites surgiram no século XVII com as teorias sobre gravitação de Isaac Newton. No século seguinte, diversos escritores de ficção científica propunham novos conceitos sobre satélites, até que os cientistas perceberam a real possibilidade e utilidade de tais corpos em órbita.
Com base em diversos estudos e testes, foi lançado pelos soviéticos, em 1957, o primeiro satélite artificial da história, o Sputnik 1, o que, em tempos de guerra fria, marcou o início da corrida espacial. Desde então, foram lançados milhares de satélites de diversos tipos: satélite de comunicação, astronómico, militar, meteorológico, entre outros.
Apesar de os satélites terem as mais variadas funções, geralmente, possuem partes em comum. Todos precisam de energia. Por isso, a maioria conta com painéis solares e antenas para comunicação, através das quais é feita a emissão e recepção de dados.
Segundo documentos científicos, grande parte dos satélites operacionais em órbita é destinada a telecomunicações, por meio da transmissão de sinal de televisão, rádio, ligações telefónicas e outros serviços. A principal vantagem da utilização dos satélites é a cobertura global que pode oferecer.
Dependendo da função, os satélites são colocados em órbitas de diferentes altitudes e formatos. Os satélites de comunicação, por exemplo, encontram-se principalmente na órbita geoestacionária, a uma altitude de 36 mil quilómetros, enquanto satélites que fotografam a superfície do planeta ficam entre cem e duzentos mil quilómetros acima da superfície.
Por vezes, é possível observar um satélite a olho nu quando este reflecte a luz solar, o que faz com que pareça uma estrela vista da Terra. A lua e alguns de vários planetas do sistema solar possuem satélites artificiais em órbita, enviados para estudar as características físicas dos corpos destes.
Os Satélites permitem realizar, no espaço, actividades que não podem ser feitas na Terra. Como exemplo, a observação de grandes extensões territoriais, necessárias para o sensoriamento remoto de regiões como a Amazónia, ou para as previsões meteorológicas.
Do espaço também observamos o cosmo em regiões do espectro electromagnético difíceis de observar da superfície da Terra (como os Raios-X e infravermelhos).
No espaço temos os sistemas de navegação, como GPS, e é nele também que realizamos experimentos em micro gravidade de longa duração, tema dos projectos científicos desenvolvidos na Estação Espacial Internacional.
Finalmente, também no espaço está localizada parcela importante da infra-estrutura de telecomunicações, hoje em uso na Terra, papel desempenhado pelos satélites de telecomunicações.
O Angosat vai cobrir um terço do globo terrestre
O Angosat 1, construído na Rússia, tem mil e 55 quilogramas e 262.4 quilogramas de carga útil. Ficará na posição orbital 14.5 E e vai ter uma potência de 3.753 W, na banda CKu, com 16C+6Ku repetidores. Como satélite geoestacionário artificial, estará localizado a 36 mil quilómetros acima do nível do mar e a sua velocidade coincidirá com o da rotação da terra. Conseguirá cobrir um terço do globo terrestre.
O Angosat1 é a denominação do primeiro satélite angolano geoestacionário, que trará oportunidades de expansão dos serviços de comunicação via satélite, acesso à Internet, rádio, telefonia e transmissão televisiva. Para a materialização desse projecto, 47 engenheiros espaciais foram formados na Argentina, China, Coreia, Brasil, Japão e Rússia, para garantir o seu funcionamento. A equipa de engenheiros é composta por 13 em canal de serviço, nove em análise de sistema, sete em planeamento, seis em administração de redes, igual número de directores de voo, quatro em balística e dois em gestão de projectos.
Os especialistas, formados em sete fases, concluíram três mil horas de aulas em Engenharia e Tecnologia Espacial, Construção de Nano e Pico satélites, Revisão e Aceitação Técnica de Projectos Espaciais, formação sobre HUB Vsats, Operações e Missões espaciais, certificação em Arquitectura do Angosat1 e certificação de especialização em operação e controlo do Angosat1.